Lugar Minas da Caveira
Nature & Awareness
Escombreira

Na Antiguidade, o período Romano foi, muito possìvelmente, aquele em que o espaço grandolense atingiu os maiores índices de povoamento e desenvolvimento económico e social. A história da cultura europeia aponta para este lugar de realce, inicialmente entre o século I aC e o século IV dC durante a ocupação pelos romanos. Foi nestas colinas da Serra da Caveira onde os romanos encontraram uma fonte atractiva de metais (prata, cobre e ouro) deixando enormes vestígios de escória, estimadas em 300.000 ton. no século XIX.

Depois da formação do Território Nacional, o rei D. João I por volta de 1380 criou a comenda nesta região do então lugar de 'Gramdolla' vindo mais tarde a dar origem à aldeia de Grândola, que nos finais da época medieval tinha cerca de 150 habitantes.  No reinado de D. João III foi atribuída a Grândola a Carta de Vila em 1544. Posteriormente, a primeira concessão mineira foi atribuida a António Varão em 1623. Na segunda metade do século XIX apareceram duas actividades que alteraram o perfil económico e social desta região: a indústria mineira (com início em 1863 na Serra da Caveira e mais tarde no Lousal) e a indústria corticeira.

A mina da Serra da Caveira, a 8 km a Sul da vila de Grândola, é a mina de cobre mais ocidental da Faixa Piritosa Ibérica, um distrito mineiro de importância mundial, devido à sua invulgar enorme concentração de depósitos minerais de grande e médio porte. Os componentes mais vulgares nesta zona da mina são: pirite incluindo calcopirite, blenda e galena, copiapite, quarzo, esfalerite, goethite, limonite e sulfuretos polimetálicos. Esta mina é hoje caracterizada essecialmente pelo enorme amontado de escória resultante dos fornos.

A exploração moderna nas "Minas da Caveira' começou em 1855 após a descoberta de extensos vestígios da actividade dos romanos e do 'Capacete de Ferro'. Com a concessão mineira de 1863 a Ernest Deligny iniciou-se então a exploração da parte superficial das massas de sulfureto. Em 1880, devido à combustão espontânea do filão principal de pirite iniciou-se um incêndio que durou três anos. A extracção de minério continuou de forma irregular, realizada por vários proprietários, tendo sido adquirida em 1890 por A. White Crookston. A mina consiste em três depósitos separados por massas de material estéril; esta configuração levou o novo proprietário a optar pela exploração subterrânea.

Barragem do Pêro Cuco

Com a reactivação da actividade mineira, foi necessária a construção de uma barragem, uma reserva de água, também um requisito para a manutenção da vida natural, da fauna e da flora, nas colinas envolventes. Todos os anos, a primavera é bem-vinda após a época das chuvas que dispersas pela Serra da Caveira vêm dar à barragem do Pêro Cuco na extremidade Norte da propriedade testemunhando um evento poderoso e espetacular de beleza.

O século XX foi, sem dúvida, o período em que se verificaram as mais significativas mudanças económicas, demográficas e sociais nesta região. Em 1921 cessou a actividade mineira nas minas da Serra da Caveira devido às consequências da 1ª Guerra Mundial. Ao nível da Agricultura assistiu-se ao incremento da cultura de cereais, nomeadamente do trigo, fomentada pela política proteccionista e ruralista do Estado Novo, que teve o seu auge durante a chamada Campanha do Trigo (1929-1938).

Em 1936, a empresa 'Mines et Industries SA' comprou as concessões e terrenos à A. White Crookston tomou a seu cargo a exploração das minas da Serra da Caveira para a produção de enxofre e ácido sulfúrico.

[Jazigos de Sulfuretos Maciços da Caveira,Matos_2015.pdf]

O Lugar Minas da Caveira foi enriquecido com várias construções ao longo destas épocas, das quais se salientam o ‘Palácio da Mina’ em 1891 (a habitação dos proprietários), a Residência do Director da Mina (destruída por um incêndio em 2003) e a Casa do Engenheiro da Mina por volta de 1940, actualmente com o nome 'Villa Mastim', cuja concepção é, devido às características da sua arquitectura, atribuída ao famoso arquitecto Raul Lino da Silva, 1879-1974.

Palácio da Mina
Obra de Raul Lino
Villa Mastim


A actividade mineira foi reactivada na década de 1950 para ser descontinuada na década de 1960, quando todas as actividades locais foram escasseando, acabando por cessar definitivamente.

As minas da Serra da Caveira faziam parte do portfolio imobiliário da empresa Sapec SA da Família Velge, aquando do incêndio em 2003 que destrui a maior parte da propriedade. A SAPEC SA procedeu posteriormente à sua reflorestação na totalidade com sobreiros, eucaliptos e pinheiros mansos .

A Alcaxua, Lda. adquiriu a propriedade 'Minas da Caveira' em 2013.

O objetivo desta aquisição reside num reinício da actividade local, no entanto relacionada com aspectos distintos dos anteriores, tendo agora em conta uma exploração responsável e sustentável de novos recursos naturais.

Encontre mais informações nos conteúdos individuais deste website
e em https://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_da_Caveira.

Malacate '1960'


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